Li numa rede social e não podia estar mais de acordo. Dizem que Olhão está bonito e ainda vai ficar mais... mas a beleza, seja do que for, tem que ser a uso dos antigos romanos: belo mas útil, para todos.
Cada vez mais, a nossa cidade não é nossa. Está a crescer, a ter coisas diferentes, mas não é para todos.
Vamos ler então:
OS OLHANENSES e o Vírus da cegueira.
Como será que os olhanenses veem um governante que enriquece no meio de ricos comparativamente com um governante que enriquece no meio de pobres.
Qual deles é mais honesto com a sua população, mais sensível com os necessitados, as suas queixas ou o desenvolvimento económico e social das suas vidas?
Se em ambos os casos a imagem é condenável, no segundo caso ela é bem pior ultrapassando o nível de repulsiva pelo facto de enriquecer explorando os que tem pouco por oposição dos que tem muito.
É verdadeiramente condenável e revoltante esta situação não é verdade?
Ora, neste sentido, porque parece que a população de Olhão na sua maioria não é rica comparativamente a outras cidades do país e a outros países, porque é que os olhanenses na sua maioria não se questionam sobre a riqueza exposta e a oculta dos seus governantes, dos seus negócios com o dinheiros públicos e/ou através daqueles a quem se compadriam?
Sim porque parece que não são os olhanenses que estarão envolvidos na “modernização da frente”, na expansão hoteleira industrial, no nascimento de arquitetura exclusiva para bolsas avultadas em territórios públicos de qualidade superior vendidos ao desbarato, na expansão da marina privada e afins, nos jardins pobres de identidade, de utilidade e funcionalidade mas ricos em pseudo-modernismo, e esterilidade, nos edifícios incaracterísticos que vão surgindo e nas mais variadas intervenções que sistematicamente tem contribuído para destruir a entidade local, gentrificação da baixa, deslocação de pescadores e atividades centenárias e tudo isto descaradamente substituído por um modernismo saloio, temperado pela saloiada dos espectáculos de rua e frenesins variados e a guetização dos bairros sociais limítrofes. A praga completa.
As questões fundamentais, População, arquitetura, cultura, artes e ofícios e desenvolvimento local sustentável em prol dos cidadãos e residentes é a última coisa a deduzir ou ver representadas nas recentes invenções ou ações do edil, senão prove-se o contrário.
Os mercados mais que uma vez estiveram à beira de lhes ser dado o mesmo final a que foram atirados muitos outros como o de Tavira e transformar-se num centro comercial de lojinhas de bugigangas em vez de lhe ser dado o merecido reconhecimento arquitetónico de referência urbanística e social, tanto no interior como na relação com toda a envolvente.
Os estacionamentos, em vez de resolução tem sistematicamente sido varridos para debaixo do tapete ou merecido soluções sem energia, resultado e eficiência para resolver de vez com inteligência e bom senso um dos maiores senão o maior problema da baixa.
O mesmo se aplica ao sistema de águas residuais mais conhecido por “esgotos” e os problemas associados com as descargas diretas na Ria Formosa.
Os pescadores artesanais locais, estrategicamente tem sido demovidos primeiro de Poente dos Mercados para Nascente destes, depois de Nascente para a zona Poente do Porto de pesca e recentemente agraciados com instalações a Nascente do porto de pesca. Por este andar irão ser empurrados para Vila Real de Santo António que mais parece o que se pretende. Mas há que os agraciar no dia do pescador com honras estéreis que em nada os beneficiam economicamente mas que pelo menos os silencia convenientemente por uns tempos. Mas tudo isto tem uma explicação que tornaria esta exposição longa e aborrecida por isso deixemos isso para outro dia.
A reabilitação dos jardins da frente são de uma pobreza de espírito comovente pois não só não refletem o local, como em si próprios se resumem a um esforço de catálogo de momentos modernistas e “artísticos” completamente alheios à entidade local. A falta de brio e de paixão por aquilo que é a cultura local é o título máximo destas “intervenções”. A lista de defeitos por oposição à lista de defeitos é tão surpreendente como caricata mas como a utilização do cérebro tem sido delegada para a inutilidade, o resultado da grandiosidade do inútil está à vista e garante-se que ainda se irá ver melhor e cujos custos serão sempre suportados pelos mesmos, os pobres e os menos abastados.
A ineficácia dos organismos como a DRCA (Direção Regional de Cultura do Algarve) sobre o entendimento, valorização e proteção da cultura local é tão deprimente como caricata, já para não falar em ineficaz e tardia.
Em vez de se produzir riqueza coletiva, produz riqueza individual e cuidem-se todos aqueles que criticarem esta forma de governar.
Soluções concretas e objetivas há e envolvem toda a comunidade mas nada disso também se vê nos discursos da oposição cujas ideias pecam pela mesma falta de conhecimento científico destas matérias e a verdadeira percepção da validação evolutiva económica dos seus residentes. Evidentemente que não se divulgam aqui programas sob pena de fornecer conhecimento gratuito a quem não o merece.
É mais a estratégia de ter uns quantos assalariados nas redes sociais, a compra do silêncio dos opositores mais proeminentes, o fazer a vida impossível aos opositores e em geral de quem pretenda algo dos serviços municipais, as festarolas pimba, os retoques cosméticos típicos da época das eleições, tudo a condizer com o nível intelectual das suas humildes, amedrontadas e maleáveis populações.
Pois meus caros aqui fica a questão de como será que os olhanenses veem os governantes que enriquece no meio de ricos, comparativamente com os governantes que enriquece no meio de pobres. Sim, porque que se saiba nenhum governante pretendeu até hoje atingir o poder para empobrecer.
Texto de João Afonso