domingo, 17 de maio de 2009

Glorioso Olhanense


Neste ambiente de festa que se vive em Olhão, recordo aqui o Sporting Clube Olhanense da década de 40, na escrita de Leonel Maria Baptista:


Isso porque
O Sporting Clube Olhanense,
além do seu recente passado glorioso,
possuía nessa época
uma equipa de grande expressão,
cujo futebol arte
-duma beleza sem igual-
fazia enorme sensação
Pelos estádios de Portugal…
E ganhar-lhe no seu reduto
não representava para qualquer “onze”
- nem mesmo considerado grande –
uma tarefa comesinha,
a não ser quando facilitada
por juízes corruptos ou à toa
como o famigerado Palhinha
a quem o Joaquim Paulo
quase fez engolir o apito
numa partida com o “Sporting de Lisboa”.
Era, de facto, um grupo aguerrido e valoroso
Esse Olhanense dos meus tempos de menino
Cuja retaguarda
A todos entusiasmava e fazia vibrar com:
As sensacionais defesas do Abraão;
As cabeças em mergulho
Do João Rodrigues – “O Submarino” –
E as vigorosas entradas do Nunes – “O Ginjão” –.
Se a defensiva desse “onze" glorioso
Era firme e valente,
Não o era menos
O trio dinâmico e voluntarioso
Posicionado à sua frente,
em que, recuado no centro,
actuava o destemido e elástico Loulé,
a quem a moçanhada chamava
de “Boneco do borracha
pois mal caía no chão
logo se punha de pé
prontinho para o vai ou racha…
Os outros dois integrantes do trio
- que pugnavam mais avançados
Na área intermédia de disputa –
Eram:
O excelente e denodado Grazina
- um grande e incansável guerreiro
Que jamais se negava à luta –
E o calmo e pendular João dos Santos
Que sempre se dava ao jogo por inteiro.
Era, todavia, a linha atacante
A que aos adeptos mais empolgava,
Quer pela enorme capacidade operante,
Quer pelo futebol alegre e vistos
Que tão primorosamente praticava

Jogadas de categoria extra,
Só próprias de grandes virtuosos,
Como tantas, de enorme tecnicismo e beleza,
Do Joaquim Paulo e do João Palma.

Tanto assim era
Que o Cabrita e o Salvador,
Dois goleadores eméritos,
Chegaram a envergar a “camisa das quinas”
Não, como tantos outros, por favor,
Mas por reais e reconhecidos méritos
Que também eram apanágio
do Palmeiro e do Moreira,

Quando esse grupo fabuloso ganhava,
O que era absolutamente normal,
Todos se sentiam invadidos
Por uma enorme alegria
Que a moçanhada exteriorizava
Com calorosos joguinhos de bola
Até escurecer o dia.

Como eles
Eu também joguei à bola
Pelos campos e larguinhos de Olhão,
Desde o Largo do Zé do Cerro até ao da Feira

Porque para mim, jogar futebol
Era apenas a minha melhor brincadeira.



Foto:SCO, 90 Anos de história, Raminhos Bispo
Texto: A Vila de Olhão da minha Recordação, Leonel Maria Batista

2 comentários:

Hannah disse...

"O excelente e denodado Grazina
- um grande e incansável guerreiro
Que jamais se negava à luta ".
Como ele infelizmente ja não está cá para agradecer, agradeço eu, tais palavras, em nome do meu avô.
:)

Hannah disse...

Eu é que agradeço teres-te lembrado do meu avô Grazina.
A minha avó que era natural de Olhão, dizia quando o tempo estava embrulhado, que o tempo estava xarengado... Achei piada ao nome do teu blog. Lembrou me a minha avó. Entrei nele e vi uma fotografia do meu avô.
hehehehehé!!!
Ela tb comia Xarém, uma especie de papa de milho... :)