terça-feira, 28 de abril de 2009

Será disto que precisamos?


Abriu hoje ao público o Ria Shopping.
Centro comercial de grandes dimensões e oferta diversificada, significa, no dizer dos responsáveis, a aposta “no potencial de uma cidade que ainda não tinha qualquer espaço de lazer e de entretenimento desta natureza”.

Tudo seria bom se a realidade fosse outra. Deixem que discorra sobre dois aspectos.
Embora, e ainda no dizer dos responsáveis, "As portas do Ria Shopping estão abertas aos comerciantes locais, disponibilizando condições vantajosas para a instalação no centro comercial", o Presidente da Câmara reconhece que “Os comerciantes de Olhão não aderiram em número significativo”.
Falando em bom português, parece que o espaço que se abriu “é um chinelo que não serve a qualquer pé”, não captando o interesse dos comerciantes olhanenses, já de si poucos, e ultrapassados que foram pela instalação sem precedentes do comércio chinês na cidade.
O comércio tradicional está a morrer, se já não se finou de vez. A nossa Rua “das Lojas” já não representa a diversidade comercial de à uns anos atrás. Deram-se condições e facilidades a um comércio monótono e de qualidade duvidosa em vez de se incentivar e estimular o que é nosso.
O outro aspecto a considerar são os postos de trabalho. Apregoaram-se 1200, directos ou indirectos, agora já se fala em 900 e a tendência é para descer. Mas importa perguntar: que tipo de emprego? Estável, com condições?
Desculpem a franqueza, mas não me parece. Todos sabemos como funcionam os empregos nestes centros: precários, às vezes com contratos a um mês, ordenados muito mínimos, sem lugar para pagamentos de horas extraordinárias e com horários nada compatíveis com a estabilidade familiar.
Claro que os Olhanense adoram tudo o que é novidade, e nos próximos dias, terão lugar as romarias do costume. Resta saber se essas idas se traduzem em compras, em dinheiro gasto, em ressurgimento da economia local.

Para terminar, deixo-vos a “pérola” que é o texto introdutório da apresentação do Centro Comercial na respectiva página da Internet:

A cidade de Olhão, desde há muito conhecida pela sua tradição piscatória, acolhendo um dos principais portos de pesca do Algarve, apresenta-se como sinónimo de uma cultura equilibrada, desenvolvida lentamente com a alegria dos olhanenses e as suas festas populares, as ilhas balneares e o progresso na indústria e no comércio, que tanto cativam os turistas em qualquer estação do ano.

Digam lá se, literariamente falando, isto não é uma Ironia?
fontes: notícias do Região Sul e site Ria Shopping

sábado, 25 de abril de 2009

35 Anos de Abril!



Há 35 anos iniciávamos a nossa caminhada democrática. Caminhos estranhos abriam-se à nossa frente, depois de 48 anos de portas fechadas ao mundo. Passámos a ver, a ouvir, a ler e a não ignorar. Essa foi a grande conquista.

Passados 35 anos, não estamos tão bem quanto deveríamos estar. A herança de Abril exige-nos que não baixemos os braços nem a voz.


Vemos, Ouvimos e Lemos

Não podemos ignorar...


porque


Eles comem tudo, eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada!



Este não pode voltar a ser o nosso papel!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Canção de um novo Abril

Há quarenta anos, as cantigas eram armas de arremesso. Parece que voltámos ao mesmo.

Não é que eu goste muito da música que os rapazes cantam, mas desta vez acertaram numa cantiga que também pode ser uma arma, de balas em forma de palavras. Aqui vai.

Sem Eira Nem Beira
Xutos & Pontapés
Composição: Xutos & Pontapés


Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um "passou bem"

Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar, despedir
Ainda se ficam a rir

Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter

uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir encontrar

mais força para lutar
Mais força para lutar
Mais força para lutar
Mais força para lutar

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer

É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar, enganar
O povo que acreditou

Conseguir encontrar

mais força para lutar
Conseguir encontrar

mais força para lutar
Mais força para lutar
Mais força para lutar

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a f***r
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a...

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Dê-me um pouco de atenção



sábado, 11 de abril de 2009

Festa da Páscoa

Aos Amigos e Visitantes
desejo uma
Páscoa Feliz

Cristo


“Minha mãe, quem é aquele
Pregado naquela cruz?”
- Aquele, filho, é Jesus…
É a santa imagem d’Ele!

E quem é Jesus?” – É Deus!
“E quem é Deus?” – Quem nos cria,
Quem nos dá a luz do dia
E fez a terra e o céu;

E veio ensinar à gente
Que todos somos irmãos
E devemos dar as mãos
Uns aos outros irmamente:

Todo amor, todo bondade!
“E morreu?” – Para mostrar
Que a gente, pela Verdade
Se deve deixar matar.

João de Deus

foto da net

quarta-feira, 8 de abril de 2009

E se um dia tremermos nós?


A Itália tremeu. Aldeias foram varridas do mapa.
Um saldo de mais de duas centenas de mortos e quase um milhar de feridos, acrescido de milhares de desalojados.
Uma cidade - Aquila - ficou sem o seu património histórico, de vários séculos.

E se fôssemos nós? Haveria resposta adequada das entidades competentes nessas situações?


Na área atlântica adjacente, o Algarve está associadoao fim da zona de fractura Açores-Gibraltar.Por outro lado, a sudoeste do território português existe uma fonte de sismos muito importante, no Banco de Gorringe, situado a 200 km a sudoeste do Cabo de S. Vicente.

Esta estrutura submarina está relacionada com a fronteira entre as placas Africana e Euroasiática, onde provavelmente tiveram origem grandes sismos históricos, seguidos de "tsunamis", que se repercutiram catastroficamente no território.

São exemplo os sismos de 309, 1356, e de 1761 e mais recentemente, a 28 de Fevereiro de 1969. Esta é uma região de grande actividade e onde se ocorrem sismos permanentemente.

A actividade tectónica concentra-se, sobretudo, na região do Algarve e zona marítima adjacente, bem como Lisboa e Vale do Tejo.

Em geral não são os terramotos que matam, mas sim os edifícios e outras estruturas construídas. No entanto, a engenharia sísmica já desenvolveu técnicas avançadas de construção sismo-resistente.

Contudo, a implementação destas técnicas torna a construção mais cara e por isso os promotores imobiliários tendem a subestimar a importância da resistência anti-sísmica, e embora haja legislação sobre a matéria, os especialistas reconhecem não existir uma fiscalização eficaz, para avaliar o seu cumprimento.Por outro lado infra-estruturas críticas como escolas e hospitais poderiam ser sujeitas a obras de reforço estrutural (retrofitting) nas regiões mais sensíveis, como é o caso do Algarve, o que também não se verifica.
(Texto de Conceição Branco, retirado de http://www.observatoriodoalgarve.com/ )



Nestes últimos dias voltou-se ao debate sobre o incumprimento das normas de segurança nos edifícios. As conclusões são invariavelmente as mesmas. Não estamos protegidos. É caro estarmos protegidos. Não temos uma rotina obrigatória de simulações, quer nos locais de trabalho, quer nas localidades. Nas escolas vai-se fazendo, mas não chega. Continuamos a não investir na prevenção.

Resta-nos esperar que a casa nunca nos caia em cima.
fotos da net