sábado, 24 de julho de 2010

Ser ou não Ser Actual - II

O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce… O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.

Eça de Queirós

3 comentários:

Eurico Duarte disse...

Isto só prova que Portugal não está pior: está na mesma. Iguais a nós próprios. Isto já não é aquilo que nunca foi...

É aceitarmo-nos como somos e sabermos viver felizes com isso! Porque afinal nem tudo é mau de se viver num país de bandalheira, onde ainda se vão fazendo algumas coisinhas como deve de ser! :)

Mano João disse...

Amigo Eurico Duarte

Obrigado pelo seu comentário!
Folgo muito em vê-lo por aqui.

Haja saúde
Mano João

Eurico Duarte disse...

é simpre um gosto im vir cá me assomar, Mano João!