sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Perguntar Não Ofende

Não fui só eu que fui assaltado por perguntas, também o mentor do movimento cívico olhanense É AGORA, João Evaristo, apresentou um conjunto de questões sobre a forma obnóxia como foi afastado das eleições autárquicas da nossa cidade.

Aqui reproduzo o seu post das redes sociais, para memória futura:

𝗢𝘀 𝗢𝗹𝗵𝗮𝗻𝗲𝗻𝘀𝗲𝘀 𝗺𝗲𝗿𝗲𝗰𝗲𝗺 𝘀𝗲𝗿 𝗲𝘀𝗰𝗹𝗮𝗿𝗲𝗰𝗶𝗱𝗼𝘀,
𝗽𝗼𝗿 𝗾𝘂𝗲𝗺 𝗱𝗲 𝗱𝗶𝗿𝗲𝗶𝘁𝗼, 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝘀𝗲 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗼𝘂.
Pelo que, o É AGORA! - Movimento Independente,
colocou 3 questões para as quais aguarda esclarecimento. Sobre a primeira questão, relativa à intenção de verificação do nosso processo para eventual impugnação, solicita-se que se esclareça o seguinte:
- Consideram que o tribunal não teria competência suficiente para verificar a regularidade das candidaturas?
- O que fez considerarem necessário "ajudar" o tribunal na tarefa de verificação?
- Se não o tivessem feito, o tribunal não detectaria essa "irregularidades"? Acham que não seria competente para as detectar? Para que se dariam então a esse trabalho?
- Vocês costumam verificar todas as candidaturas entregues em todos os atos eleitorais?
- Fizeram-no em eleições anteriores?
- Debruçaram-se sobre todas as candidaturas desta eleição ou só sobre a independente?
- Considerando que todas as candidaturas foram chamadas à correção pelo tribunal, inclusive a do PS, não seria o tribunal competente para detectar e chamar à correção, se necessário fosse, a candidatura independente?
- Preocuparam-se em detectar essas incorreções das restantes candidaturas?
'- Consideram que as candidaturas chamadas à correção, inclusive a do PS também foram, pelo menos, um bocadinho incompetentes? Também não souberam interpretar a lei?
- Perante a nossa reclamação e argumentos, apresentados para contrapor a impugnação, em que os outros partidos deixaram à responsabilidade do tribunal essa decisão, haveria necessidade de contraporem a nossa argumentação, sem que nada pudéssemos, entretanto, alegar, antes da tomada de decisão do tribunal?
- Perante o recurso, com provas e argumentos de resposta à argumentação e contra-argumentação de impugnação, seria justo e equilibrado, produzir nova contra-argumentação, para rebater os nossos argumentos, sem que tivéssemos oportunidade de contrapor esses novos argumentos antes de serem avaliados pelo tribunal?
Ou seja, se (A) fala e (B) responde, para que o tribunal decida, seria necessário e equilibrado que (A) voltasse a falar, sem que (B) pudesse responder, antes do tribunal decidir?
- Não teria o impugnante conhecimento e experiência mais que suficientes, para prever que procedimento atrás de procedimento, com prazos de tramitação atrás de de tramitação, com pontos e contrapontos, levaria o processo a se arrastar no tempo, e que mesmo que o movimento fosse aprovado, não o seria em tempo aceitável para entrar na corrida eleitoral?
- Em conclusão: O que levou a tamanho empenho? Não seriam os tribunais e juízes capazes de avaliar a impugnação e a nossa justificação sem a vossa diligente ajuda?
É AGORA! - Movimento Independente
 
Nenhuma descrição de foto disponível. 

 

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Casa Onde Não Há Pão

 Mas que grande sururu vai na nossa terra. Alguém se picou e ui!, a casa vem abaixo.

No alto da minha ignorância, não tenho respostas, só perguntas. Já o filósofo (um daqueles, dos bons) dizia: só sei que nada sei, mas apesar de nada saber, sei mais que os que nada sabem. Mas eu só sei que tenho perguntas.

Pois bem, vamos aos factos. Um movimento de cidadãos dissidentes da perspectiva governativa cinquentenária da câmara apresentou candidatura aos órgãos autárquicos. Seguindo o Manual das Autárquicas 2025 e a legislação em vigor (que por mero acaso apresentam algumas discrepâncias) e reunindo a documentação necessária entregou tudo no tribunal de Olhão. Desgostoso com a atitude, o mandatário da candidatura socialista apresentou-se como cidadão comum e reclamou para o juiz, apontando ligeiras irregularidades como graves faltas e sugerindo até que os novos proponentes não deveriam ter lugar nas candidaturas. Posto isto, o tribunal daqui consulta os outros partidos a concurso sobre o direito de resposta. Uns furtam-se à opinião, outros abstêm-se e outros concordam em dar a palavra à novel equipa para se justificar. Não obstante, o juiz dá como improcedente a candidatura e manda-a retirar-se sem direito a justificação. O movimento protesta para ser ouvido e o clamor vai por escrito direitinho ao Tribunal constitucional. Aqui, 12 juízes, recordando outros recursos do mesmo teor e o seu desfecho, não dão razão aos impugnantes e um juiz prova por A+B que o movimento tem razão, que a redação das candidaturas estava em conformidade e com teor implícito.

Acabou, assim, de forma inglória a incursão deste movimento cívico para as autárquicas de 12 de outubro.

Destes clamores, rumores, recursos e decisões, não me abalanço a analisar, pois como disse lá em cima, nada sei.

Mas tenho perguntas:

A candidatura não foi preparada com a intervenção de um advogado?

Tiveram em conta as discrepâncias entre o Manual Autarquias 2025 e a legislação em vigor?

Porque é que o mandatário da candidatura PS justificou a sua atitude na qualidade de cidadão comum e no acordão aparece como mandatário político?

O mesmo mandatário leu as outras candidaturas todas? Estavam todas em conformidade? Ou só foi instruído para ler esta?

Haverá alguma proximidade entre os juízes e o mandatário? 

Haverá integridades beliscadas? 

Será ético falar de democracia e pluralidade política e depois lançar-se numa sanha contra um grupo de cidadãos?

Se este mandatário lê tudo com precisão milimétrica, e sendo ainda presidente da Assembleia Municipal, também leu o aviso exarado em diário da república do Município de Olhão, em que o vereador camarário e candidato a presidente da câmara assina o documento como presidente da Câmara?

Será que o psOlhão está com os calos tão apertados que incentiva a opinião pública e os apaniguados do costume (agora a coberto de falsos perfis nas redes sociais) a desenvolver uma campanha de ridicularização e insulto nas redes sociais contra os mentores do movimento de cidadãos?

Tenho muitas mais perguntas mas estou cansado destes tiques de ditadores de trazer por casa, destes autocratas de pantufas, destes oligarcas da palavra e da promessa. Tem avonde!

 

 

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Intermitências de Morte

 Está montada uma batalha campal na nossa terra.

Ataques cerrados, informações veladas, silêncios cúmplices. Enfim, é à escolha do freguês.

Nesta semana dei de caras com essa informação da imagem. Mas por que raio tem o partido governante de apresentar na assembleia municipal uma moção de ressentimento contra uma situação televisiva entre dois candidatos a uma outra autarquia?

Vamos ao enquadramento. Ao programa de Ricardo Araújo Pereira "Isto é Gozar Com Quem Trabalha" apresentaram-se os dois candidatos por Faro, António Miguel Pina (PS) e Cristóvão Norte (coligação PSD/CDS/IL/PAN/MPT). Num tom meio de brincadeira, meio satírico, mas a puxar à colação assuntos sérios, os dois convidados entraram na conversa com farpas e chistes diretos. Ninguém perdeu, ninguém ganhou. Também não empataram, mesmo chutando várias vezes para canto. Ora acontece que no meio disto tudo houve virgens ofendidas que vieram a terreiro em defesa dos seus principais atletas.

O ponto alto foi esse aí na assembleia municipal de Olhão. Ao que parece, sem a presença do presidente da câmara, e que está a concorrer por outra câmara, foi apresentada a  moção de censura para o que se julga de ofensas do outro candidato. Os outros partidos com assento na AM retiraram-se como forma de protesto e até há quem afirme que foram trocadas palavras duras e acesas.

Não se compreende esta mistura. O ainda atual presidente da câmara de Olhão é candidato a Faro, e é nesse registo que tem feito a sua pré-campanha.Deixou de estar ligado ao seu cargo, mesmo não tendo apresentado a demissão, como seria correto. Fala por Faro, não por Olhão. Esta atitude dos deputados PS da  AM é como comparar o cu com a feira de Castro, literalmente! 

Estará o PS Olhão tão amedrontado que lhe foge o discernimento? Estarão em causa , também, as atitudes do presidente da AM, que estão muito próximas do "Bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz, não faças o que ele faz"?

Como diria o meu avô, já não se conhece pai por filho nem filho por pai. 

Figuras tristes!


 

 

domingo, 14 de setembro de 2025

 No outro dia falei de Moralidade. Ou há moralidade ou comem todos, dizia-se antigamente.

Hoje venho falar de Ética, irmã gémea da Moralidade e tão parecidas que tendem a confundir-se no dia a dia. A diferença entre elas reside na reflexão. Enquanto a Moralidade aponta para um conjunto de regras e valores seguidos por um determinado grupo ou indivíduo, a Ética faz questão da sua reflexão e crítica. Dou-vos um exemplo: um individuo pauta a sua conduta pelo uso integral da verdade dos factos, resultando disso um comportamento moral. Mas um dia tem uma atitude que aos olhos dos outros surge como um "telhado de vidro", isto é, contraria a sua postura de sempre. Aí entra a Ética, que tem uma função fiscalizadora e reflexiva: ela questiona até que ponto houve desvio às regras e aos valores e se o dito individuo continua dentro da moralidade, não querendo para si o que quer para os outros.

Isto é tudo muito profundo e não estou capacitado para mais do que acima referi. Mas vem isto à colação do virote que grassa na nossa cidade numa pré-campanha intensa e nunca vista.

O nascimento de um movimento político, enquadrado na dissidência do partido que põe e dispõe da nossa terra há 50 anos, tem gerado intensas discussões nas redes sociais, chamando à ribalta as nossas já conhecidas irmãs Ética e Moralidade.

Esse movimento anda às voltas com os tribunais para fazer valer o seu ponto de vista na candidatura às eleições pelo que ainda não se sabe se vai ombrear na campanha eleitoral com as outras forças política do Concelho. No entanto, é à volta dele e dos seus mentores que crescem textos, mensagens e comentários, gente a favor, gente contra, gente que não estão nem numa coisa nem em outra mas que atiram achas para a fogueira escondidos em perfis falsos, que pelos vistos todos sabem quem são. 

Ora os róis de irregularidades, ilegalidades e compadrios que têm vindo a lume deixa-me banzado. E aqui nascem as posições nos comentários: - se já sabiam, por que compactuaram? - Então agora é que se lembraram do que ocorreu?  - Remexer nisso não leva a lado nenhum. - Isto só vai dar razão a quem não queremos ver à frente da autarquia. - Uma luta de egos pelo poder. - A Verdade tem que vir ao de cima. - A população olhanense não pode seguir quem a tem enganado. - Está na  hora de caírem as máscaras. 

Não sei porquê, mas vem-me à mente a "Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho" do Mário de Carvalho e por isso estou ansioso por ver como vai ser a campanha, campanha. 



 

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Moralidade

  Orçamento do Município de Olhão para 2025 com valor superior em cerca de 10  milhões - Sul Informação

 

 Ele há coisas que nem com manual de instruções chegamos lá.

Em comunicado camarário, vem o presidente do executivo olhanense revogar as atribuições de pelouro a dois vereadores por ambos estarem envolvidos num movimento cívico tendo em vista as próximas eleições autárquicas. 

 Ora esta atitude, vinda de um presidente que desde há largos meses leva a cabo uma campanha pré eleitoral para um município vizinho e continua em funções, não só é incompreensível como extraordinariamente absurda. 

Como presidente de câmara em final de mandato e não podendo concorrer, teria restado ao presidente a atitude de se ter demitido e não delegar todas as funções no seu vice presidente. Isso sim, teria sido correto e à prova de qualquer crítica.  

Acresce dizer que na reunião da assembleia municipal de 19 de agosto, 21h30m, essa informação não teria sido dada quando pedida por um membro,  remetendo-se a mesma para o dia seguinte, dia 20, data da reunião do executivo camarário. Mas o comunicado publicado nas redes sociais tem data de 19. Ora bem, mais parece uma partida de futebol onde se driblou para canto. Falta de transparência até com a própria assembleia municipal. Um ocultismo esotérico difícil de entender.

Nada na legislação em vigor coarta as aspirações dos políticos, mas a Ética tem que marcar vincadamente a sua presença, e ao que se sabe, as duas pessoas em questão seguiram os procedimentos administrativos legais.

A compor o ramalhete partidário ouvem-se vozes do além (não desse, mas geográfico) numa verborreia de mata e esfola, esquecidas que foram outras circunstâncias de preterimento e rejeição, tornando os factos ainda mais absurdos e inacreditáveis.  

A conclusão a que se chega para se perceber a situação só poderá ser uma : 50 anos de governação autárquica da mesma cor faz com que não se deixe ninguém mijar fora do penico, impedindo a mudança e a opção de escolha na perspectiva dos eleitores.

Eu, como eleitor na nossa cidade e sem cor política, repudio vibrantemente tais comportamentos autoritários reveladores dum polvo político que tudo domina e destrói.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Desgarrada

 Como gosto de estar à altura dos acontecimentos e isto já está ao rubro, aqui deixo o meu contributo para a desgarrada que vai na nossa terra. Afinem as gargantas, deslarguem o ombro dos tocadores e concentrem-se no Fado Pierrot do grande Marceneiro:

 

Quem havia de dizer, ó gabirú!

Encontraste quem te deu troco à altura.

"Mas que mais posso dizer? - perguntas tu

"-Para dar troco inda maior à criatura?"

 

Quem tem telhados de vidro, diz o Povo

Não pode atirar pedras ao vizinho.

Vasculhaste bem a fundo algo de novo

Mas esqueceste de olhar pró teu caminho.

 

O Poder, aí o Poder que a todos trama

Torna o Homem num ser quase irracional

Mas não esqueças que quem faz a boa cama

É pra se deitar nela no final. 

 

  

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Letra e Música

 Guitarra - A VIOLA E A GUITARRA (...) | Primeiro e segundo períodos | ( p.  96, 97 ) «Pelos manuscritos e impressos musicais que chegaram até nós,  sabemos que o LUNDUM

 No seguimento do post anterior, quero deixar aqui registado, para memória futura, algumas das preciosidades lidas nestas últimas semanas, que não desmerecem das melhores desgarradas já produzidas. Podem cantá-las no Fado Menor, mas também serve no Corrido. Os autores não sei quem são porque ocultados atrás de perfis falsos. Também não interessa. O que não falta são pseudónimos.

Mote 

"Sim, as pessoas podem mudar de ideias, ou os próprios partidos mudarem e as pessoas deixarem de se rever neles. O que este post se refere não é a isso. É a um escroque oportunista que se fez militante de um partido à procura de protagonismo e poder. Este post é sobre um interesseiro a quem o partido de que se fez militante lhe deu tudo, contra a minha opinião, e que quando quis ser candidato à Câmara se submeteu a eleições internas onde foi esmagado eleitoralmente por ser demasiado mau para o que queria. Este post refere-se a um canalha que não tendo tido o que queria se prepara para lançar uma candidatura independente, tendo ficado até ao fim a usar um cargo político a que teve acesso por estar num partido do qual só sairá no último minuto."

Rabecada 

"I
Chamas-lhe vira-casacas, ó douto sabichão,
Mas mudar de partido não foi o que ele fez;
Foi erguer-se sozinho, contra o próprio freguês,
Com coluna erguida, firme no coração.
Tu, que dizes contestar com voz e mão,
Guardas sempre o prato e o vinho sobre a mesa;
Nunca mordes a mão, receando a aspereza,
Daqueles que te alimentam a profissão.
Tens no peito a marca do rito humilhante,
Vendido por migalhas ao templo brilhante,
Onde um aperto vale mais que um ideal.
E vens julgar quem não dobrou o espinhaço,
Quando tu, por um tacho, até vendes o abraço,
Chamando-lhe traidor por ser leal.
II
Tu, que te dizes livre, és servo à cartilha,
Com um alibi gasto de fingir discordar;
Nunca tens a coragem de te levantar
Contra quem te segura na mesma quadrilha.
E vens falar de coluna… Que armadilha!
O homem que enfrentou o clã sem recuar,
Que não se vendeu, que soube recusar,
É para ti canalha, sem fibra nem bilha.
Enquanto tu, sentado no tacho europeu,
Nunca foste a votos, mas o bolso encheu,
E apontas o dedo a quem se fez valer.
Mas cala-te quando é do construtor que falamos,
E da sociedade com quem gere os planos,
No urbanismo que devia defender.
III
O burro, dizes, está agarrado ao lugar,
Como se isso fosse crime ou vil proveito;
Esqueces que o presidente faz o mesmo feito,
Enquanto, noutro concelho, vai-se exibir e jantar.
Para ti, isso é normal, não há que apontar,
Porque protege o construtor, teu protegido eleito;
Mas se é o burro, é logo um pecado perfeito,
E a tua coerência decide hibernar.
Um independente não concorre “contra” ninguém,
Mas por um programa que o povo quer e tem;
Tal conceito, no teu verbo, é ficção barata.
Mas que esperar de quem a lógica esquece,
E só a sanha e a mágoa lhe aquece,
Quando não recebeu o tacho que sonhava na data?"

 IV

Chamas-lhe oportunista, mas nunca consegues dizer
Que cargo tomou, que benesse guardou;
E o que mais incomoda é que ele nunca precisou
De vender a alma para no jogo vencer.
Tu, que sempre à sombra soubeste viver,
Vasculhas no passado, mas nada encontraste;
No presente, o que fez, não ousas contestar,
Porque a obra que deixou é difícil de esquecer.
Enquanto isso, o construtor, que tu defendes,
Quatro anos passou e nada de novo aprendes;
Nem um plano urbano digno de se mostrar.
Só descarrilou prazos, custos e paredes,
E tu, fiel guardião das mesmas redes,
Assobias para o lado para o não incomodar.
V
O teu texto, sabichão, é um espelho rachado:
Reflete virtude que nunca soubeste ter;
Criticas a ambição quando é alheia a crescer,
Mas nunca a tua fome de cargo dourado.
Chamaste-lhe traidor, canalha, mal-educado,
Mas nunca provaste o mal que ele fez;
Apenas não dobrou ao peso do xadrez
Maçónico que em Olhão governa o mercado.
E, ironia, acusas de se agarrar ao lugar,
Quando tu, sem voto, o teu soubeste segurar
Num parlamento distante que te paga a vida.
Ressabiado, queres que todos te sigam a lei,
Mas esqueces que quem pensa por si é rei,
Mesmo que a tua mágoa nunca o permita.
VI
Dizes que o burro é fraco, mas não tens argumento,
Só adjetivos gastos de raiva e despeito;
Não falas das festas que, no seu feito,
Foram o que salvou o mandato em andamento.
Enquanto outros pelouros caíram no tormento,
O dele foi eficaz, no povo foi eleito;
E por isso a manita, de medo perfeito,
Tratou de o afastar do seu parlamento.
Tens a coragem de falar em coerência,
Quando em ti só se nota a obediência
Ao mestre construtor e ao seu balcão.
Mas cala-te sobre contratos e sociedades,
Que no urbanismo geram vontades,
E valem mais que qualquer eleição.
VII
O teu ódio é pessoal, nem tentas esconder;
Vem do dia em que viste o teu nome preterido;
Desde então, és pregador ressentido,
Contra quem ousa sozinho sobreviver.
Não percebes que há quem não queira depender
De cordas maçónicas nem de mestre querido;
Que o seu projeto não nasceu vendido,
E não precisa do teu aval para vencer.
Dizes que és livre, mas nunca te rebelaste;
Que criticas, mas nunca abandonaste
A ceia onde sempre tens o teu lugar.
E eu pergunto: que liberdade é essa,
Se a tua voz, quando aperta a pressa,
Corre sempre para quem te pode pagar?
VIII
Há ironia em te ouvir falar de integridade,
Quando passaste por ritos que negam razão;
Vendeste o pensar pela mão na mão,
E agora falas de honra e de lealdade.
O burro não dobrou, essa é a verdade,
E foi isso que te acende a indignação;
Porque sabes que não compra nem vende o coração,
E não precisa da tua fraternidade.
Enquanto isso, o construtor, que tanto amparas,
Joga às obras falhadas e promessas raras,
E tu finges que nada há para apontar.
Mas quando é para bater no que é independente,
A tua pena torna-se eloquente,
E a tua raiva, impossível de disfarçar.
IX
De que tens medo, sabichão do kilt?
Que o povo veja que a história não cola?
Que entenda que o burro não se enrola
No pano maçónico nem no jogo vil?
Tens raiva de quem não se fez servil,
De quem não se curva à mesma escola;
De quem, sem tacho, a sua rota controla,
E ainda assim carrega o fardo civil.
Tu, que nunca ganhaste sem benesse,
Que só criticas quando convém que acontecesse,
E nunca olhas para o lado que te dá de comer.
Segue no teu púlpito de moral fingida,
Que o povo já sabe, e de longa vida,
Que quem cala o construtor não merece valer
 
 
 Mote

"sabes por quê ca nã te bloquiei ainda? Por cá ca'sim as pessoas conseguem ver o tipe da pessoas ca seguem outras pessoas, ou quem sabe as pessoas sejam elas mesmas. Mas no funde tu sabes, quê meme nã sabendes quem eu sou, que eu sei muite que tu nã sabes nada."
 
 
Rabecada 

"I
Já não te ris, Caíque mascarado,
Que em bonecos pintados escondes mão;
Desvendei-te o fado, a real missão,
E o casco range, pobre e escorado.
Dizias-te isento, puro, honrado,
Mas ladras ao sopro do teu patrão;
Inventas rancor, sem prova ou razão,
E serves-te apenas do verbo afi nado.
Sabemos quem és, que porto te guia,
Qual é a agenda que o casco sustenta,
E o ouro salgado que o casco vigia.
No mar da mentira, a verdade rebenta,
E o barco que ri já perdeu a alegria:
Vai à deriva com vela sedenta.
II
Ficou-te a verve presa e encurtada,
Tremem as linhas, tropeça a expressão;
A tua ironia perdeu-se em tensão,
E a raiva que sobra é já disfarçada.
Dizes saber muito, ó boca dourada,
Mas nunca um só facto traz à lição;
És vento que sopra sem rota ou timão,
É casco sem quilha, promessa afogada.
Se o “burro” te assusta, diz que delito
Cometeu no cais desta tua vingança,
Ou teme o teu casco o mar infinito.
Não há no teu tom mais que petulança,
E o sábio que rosna, no seu próprio grito,
Afunda o seu riso na mesma balança.
III
Agora ameaças, com dedo a tremer,
Cortar o convés e fechar a escotilha;
Como se o silêncio pudesse valer
Contra a tempestade que a proa partilha.
Não é por respeito que queres ceder,
Mas medo que a capa se rompa e se empilha;
Fugir é teu lema, negar é teu ser,
No cais da mentira a âncora brilha.
Bloqueia, Caíque, e afunda depressa,
Pois o mar não espera quem foge da rota;
O casco que range já nada começa.
E lembra-te, amigo, que a onda remota
Não cala o destino, só mostra a promessa:
Quem foge da luta já perde a frota."


O Fado da Pré - Campanha

Fado Em Alvalade, Pintura por Vitor Pisco | ArtMajeur
Pintura de Vasco Pisco

  

A pré - campanha eleitoral na nossa terra assemelha-se perturbadoramente a uma noite de fado vadio de outros tempos: fadistas anónimos,cada um canta como sabe, reage-se mal às críticas e aos apupos e o ponto alto são as desgarradas. Os instrumentistas tentam acompanhar os desafinados ou fora de tempo, suando as estopinhas para não sair do figurino. O público ergue a voz nos refrãos mais conhecidos, bate palmas nos compassos de espera e grita - Ah! Boca Linda! se o final do fado foi a contento. 

No meio de tanta nota, chouriça assada e copos de vinho tinto aparece sempre um intelectual arredado da sociedade, carregado de amargura, mas filosoficamente certo e correto que faz questão de pôr tudo na ordem, declamando palavras intensas que escorrem dos seus versos rejeitados pelo poder, por conter verdades inabaláveis. Aqui, o público divide-se. Ora se emociona pelo conteúdo, ora se enfurece pela bastardia das palavras. Alvoroço na audiência. O intelectual, qual embuçado régio, sai, contemplando já a próxima intervenção. Quem será o audaz? Quem será o provocador?

Não ando longe da verdade com semelhante comparação. Basta frequentar a rede social do livro.  Cada vez mais perfis, cada vez mais falsos. Ninguém dá a cara. O jogo do gato e do rato tomou conta da noite de fados vadios.

domingo, 10 de agosto de 2025

Recomeçar

 

 

RTP1 - Mira técnica 1959

 

 Este espaço esteve em confinamento durante quatro anos. Muita água correu nos rios, muitas ondas chegaram às praias, muitos barcos partiram, muitos barcos chegaram.

Os blogues levaram o mesmo destino que as ruas da Barreta: os moradores pouco ou nada têm a ver com os antigos, é alojamento local, nómadas digitais...

Nestes quatro anos, as redes sociais deram uma abada aos blogues. Mas, tal como o peixe que ao fim de três dias enjoa, estou enjoado de tanta fake news, tanta inteligência artificial, tanto insulto, tanta manobra.

Aqui reina a calmaria. Vou  ficar.

A gerência é a mesma, a firma é que se atualizou. Mas continuamos xarengádes.  

As eleições autárquicas estão à porta e as consequências das alterações climáticas políticas já se fazem sentir. E há tanto por dizer!