quinta-feira, 26 de março de 2009

Meio Ambiente ou Mau Ambiente?

Muito se tem falado ultimamente da falta de saúde ambiental de que enferma a nossa Ria Formosa, tendo havido até uma queixa a quem de direito sobre o assunto.
Outras "peripécias" contra o ambiente no nosso Concelho têm também sido alvo de denúncias públicas, como é o caso do aterro sanitário ou da própria Etar.
É um assunto sério, muito sério e profundo que não se pode compadecer de meia dúzia de "foguetes" atirados aos olhos de quem zela pelo ar que respira, pela água que bebe ou pela terra que pisa.
Por isso causou-me estranheza (se calhar, nem tanta) ler o último parágrafo, no artigo assinado pelo Presidente da Câmara no Correio da Manhã, a propósito da inauguração do Auditório:


É um espaço de grande qualidade, construído numa área antes ocupada por uma fábrica de conservas de peixe e que tem como grande símbolo uma chaminé que foi recuperada, representando uma época áurea do desenvolvimento industrial de Olhão, com a particularidade de ter no cimo um ninho de cegonhas, expressão de qualidade ambiental que é hoje uma das marcas de Olhão contemporâneo.


Senhor Presidente: expressão da qualidade ambiental? Onde? Aqui em Olhão? Aqui na nossa cidade, onde os contentores do lixo espalhados pela cidade acumulam lixo ao redor, onde há esgotos quase a céu aberto, onde o cheiro da Etar é de cortar a respiração, onde o espectáculo das descargas poluentes na Ria é confrangedor, onde há quintais e outras instalações de antigas fábricas com materiais ferrugentos?
Eu sei que já lá vai o tempo em que circulava nas ruas estreitinhas o "carro da caca", perante o qual eu ficava perplexo por nunca ter visto nada parecido em sítio algum de Portugal, mas convenhamos que a nossa cidade esteve sempre muitos pontos abaixo do interesse pelo ambiente, fosse pelas fracas práticas dos cidadãos fosse pelos inexistentes incentivos dos governantes locais a essas boas práticas.
Temos problemas ambientais graves que se foram acumulando nestes últimos dez anos. É certo que por algum lado se tem que começar, mas erguer a bandeira da defesa do ambiente entronizando a recuperação de uma chaminé industrial e do seu casal de habitantes parece-me mesquinho e redutor da verdadeira dimensão dos problemas.

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